A problemática
Há muito tempo venho acompanhando o debate sobre se é lícito um músico católico entoar músicas de autores evangélicos/protestantes em suas reuniões de oração e culto. Quando digo reuniões de oração, digo de todas as ações não-litúrgicas onde nos reunimos para partilhar a Palavra de Deus e entoar cânticos (grupo de oração, formações, retiros, aprofundamentos). Quando digo culto estou me dirigindo às ações litúrgicas da Igreja Católica e que são munidas de orientações da Santa Sé e das Conferências Episcopais (Missas, Casamentos, Batismo, etc).
Quero apontar alguns elementos para a reflexão de modo que, cada um que venha a ler este texto possa, por seus próprios meios, estabelecer seus pontos de discernimento a respeito do tema.
As Sementes do Verbo
No período antigo da Igreja, logo no século II, havia um debate muito parecido com este. Os Padres da Igreja, como pensadores da Igreja nascente, frequentemente bebiam em reflexões oriundas da Filosofia Grega Antiga. Entretanto, para muitos dos cristãos daquela época, citar autores pagãos em suas reflexões não caía muito bem. "Como podemos macular o ensinamento puro de Cristo com estes autores que sequer foram batizados?" - era a reclamação de alguns. A polêmica era dada e haviam posicionamentos dos dois lados: E agora, José, citamos ou não citamos os autores pagãos em nossas homílias? Ficamos apenas com as Sagradas Escrituras e isso nos basta? Os filósofos gregos nos serviriam para alguma coisa? Citar os pensadores gregos não é rejeitar os Escritos Sagrados?
Nesta época vive Justino, que se tornaria mártir em Roma por professar a Fé Cristã. Justino concede outro tom a este debate todo e, pelo que parece, influenciou os Padres da Igreja de tal modo que, séculos depois, Agostinho e Tomás de Aquino o seguiram em suas resoluções a respeito deste tema.
O mártir parte da seguinte afirmação: toda a Verdade provém de Cristo e não há verdade que esteja fora dele. Jesus, o Verbo Encarnado, é a fonte primeira de toda a verdade. Se alguém pode dizer algo e este algo é Verdade, então este alguém tivera participação no Verbo. "Tudo que de bom está dito em todos eles [filósofos pagãos] pertence-nos a nós, cristãos (...). E todos os escritores só puderam, obscuramente, ver a realidade graças à semente do Verbo depositada neles" (São Justino. Apologia II) - inserção minha. É bem verdade que toda a reflexão dos filósofos pagãos não se encaixavam perfeitamente na doutrina cristã. Porém, os elementos que não estavam de pleno acordo se dava, segundo Justino, porque eles não haviam conhecido o Verbo Encarnado que nós cristãos conhecemos. Por não O conhecerem, eles discordavam ente si e parte de seu pensamento contrariava o cristianismo. O que não estava de acordo com o cristianismo deveria ser revisto.
Justino reinaugura as reflexões cristãs se utilizando de escritos filosóficos. O melhor, estabelece um critério de discernimento para se aceitar o que é Verdade e o que é inexatidão nos pensadores pagãos. Fica-se com o que é Verdadeiro, corrige-se o que está errado. Seguiu o mesmo princípio usado por Paulo Apóstolo em outra ocasião "Discerni tudo e ficai com o que é bom" (I Tessalonicenses 5,21).
A definição de "música católica"
Aqui parece haver uma problemática de definição. No meu entender, há uma confusão entre formas e conteúdos. Alguns definem a música católica pela sua forma, outros pelo seu conteúdo. Qual critério se adotar?
Quando trato de forma, estou me referindo aos estilos e ritmos musicais. Lembro-me de uma situação onde um líder pastoral proibiu músicas no "estilo gospel" como se ele também fosse um estilo musical determinado e oposto ao estilo católico (sobre o estilo gospel falarei depois).
A Igreja Católica "reconhece o canto gregoriano como próprio da liturgia romana" (Sacrossantum Concilium 116). Entretanto, no mesmo artigo do documento conciliar citado, a Igreja não exclui os "outros gêneros de música sacra", desde que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica e estejam de acordo com as mesmas normas. Em se tratando de músicas para o culto, parece não haver uma definição de "música católica" quando se pensa em estilos musicais. A regra estabelecida é que as mesmas músicas estejam de acordo com as rubricas prescritas em cada ritual. Neste caso, não me parece haver um "estilo" de música católica. Sendo assim, não cabe aqui definição de música católica a partir de seus ritmos usados.
A CNBB sugere, em cada Tempo Quaresmal, músicas para serem usadas nas comunidades. Nota-se que estas músicas não estão no estilo gregoriano, mas compõe e servem à ação litúrgica. O mesmo concílio admite que “a Igreja (...) aprova e admite no culto divino todas as formas de verdadeira arte, dotadas das qualidades devidas” (Sacrossanctum Concilium, 112). Ainda o mesmo Concílio Vaticano II prossegue: “O canto popular religioso seja incentivado com empenho” (Sacrossanctum Concilium 118). As músicas propostas nos Cd's produzidos pela CNBB estão no estilo polifônico, sertanejo e forró. Expressam a realidade do canto popular no Brasil e que são utilizados a bem do canto pastoral litúrgico. Ainda assim, não encerram a catolicidade de uma música por seu estilo musical.
Os estilos musicais são próprios de cada cultura de cada região. Com isso, a Igreja compreende que não está "ligada de maneira exclusiva e indissociável (...) a nenhuma forma particular de costumes (...). Ela pode entrar em comunhão com as diversas formas de cultura, donde resultará um enriquecimento tanto para a Igreja como para as diferentes culturas" (Gaudium et Spes 58). Compreendendo que, apresentado os textos do Magistério acima, não cabe definir como "católico" um estilo musical, mas que a música católica pode abranger os diversos gêneros musicais de cada cultura.
Neste caso, o que compreendo é que para se definir uma música como católica deve ser levado em consideração seu conteúdo e não sua forma. A Constituição Dogmática Lumem Gentium define como católico aqueles que aceitam a organização da Igreja e os meios de salvação nela instituídos. Dito de outro modo, para ser "católica", a letra de uma música deve estar de acordo com os Dogmas professados pelo Catolicismo e não rejeitar sua estrutura e sacramentos.
Autoria musical e sua catolicidade
Muitos pretendem definir a música católica a partir da origem de suas letras. Autores católicos, músicas católicas. Autores protestantes, músicas protestantes. Parece-me que ao se fazer isso, volta-se a estabelecer o critério de catolicidade às suas formas e não ao seu conteúdo. Explico-me.
Há um cântico belíssimo entoado constantemente em nossos templos católicos, inclusive nos cultos litúrgicos. A Ave-Maria de Bach/Gounod. Poucos se atentam para o detalhe de que Bach não era católico, mas protestante. Entretanto, a sua belíssima melodia serve à letra da Ave-Maria. Composição que, por não contrariar os ensinamentos católicos, podemos utilizá-la no catolicismo. Não nos atentamos a sua forma, mas ao seu conteúdo. Inclusive um canal de humor evangélico chamado "Porta Estreita" usa esta melodia como trilha sonora de uma de suas esquetes - e não a usam como crítica a Igreja Católica.
No Brasil há diversos cânticos que se tornaram tradicionais em nossos templos e que são de autores protestantes/evangélicos. A música "Segura na mão de Deus" é do Pastor Nelson Monteiro da Mota, inclusive sendo o fundador de uma denominação evangélica. E sua letra é belíssima, não fere nossa doutrina e nós oramos junto com esta música. Mais uma vez o critério do conteúdo e não da forma foi utilizado. E poderíamos citar outros tantos exemplos como estes.
Compreendo que nestes casos o mesmo critério usado por São Justino foi feito. Se uma canção expressa a Verdade do Verbo, então ela deve ser utilizada. Entretanto, o mesmo autor que fez canções que se adequam à doutrina da Igreja Católica pode ter feito músicas que não se adequam e que até negam a doutrina católica. Utilizamos, então, o critério paulino de discernir e ficar com o que é bom (cf. I Tes 5,21).
Identidade Católica e autores protestantes/evangélicos
É de se reafirmar que a possível abertura para músicas de autores não-católicos deve ter como princípio a nossa identidade. João Paulo II entende que não devemos modificar nosso depósito da Fé ou mudar o significado de nossos dogmas em prol do ecumenismo (cf. Carta Encíclica Ut Unun Sint 18). Precisamos estar em nossa identidade para poder se abrir ao outro. E nossa identidade também inclui o reconhecimento e a estima dos "bens verdadeiramente cristãos, oriundos do patrimônio comum, que se encontram nos irmãos separados" ( Ut Unun Sint 47). "Tudo o que é verdadeiramente cristão jamais se opõe aos bens genuínos da fé, antes sempre pode fazer com que mais perfeitamente se compreenda o mistério de Cristo e da Igreja" (Ut Unun Sint 48). Parafraseando, há músicas belas e que nos edificam, mesmo sendo produzidas por autores protestantes/evangélicos e que podem ser utilizadas entre nós.
Formação teológica e imediatismo pastoral
Neste sentido, há de se promover formação teológica entre os leigos que se põe a serviço da igreja através da música para que eles consigam discernir aquilo que está de acordo com a doutrina católica daquilo que não está. Este é um trabalho de longo prazo e exige grande esforço por parte de nossos líderes, teólogos, religiosos e padres.
Neste sentido é que muitos padres recomendam que, para não incorrer no erro e heresias, fique-se com aquilo que é patrimônio na Igreja. Acho válida esta justificativa se nós entendermos como músicas que compõe o patrimônio da Igreja o canto gregoriano - que há séculos oferece vida nas ações litúrgicas. Usando deste critério, deve-se rejeitar toda e qualquer composição de autores evangélicos e protestantes. É uma solução imediata, mas não sei se é a melhor.
Hoje em dia nas comunidades, pouco se utiliza o canto gregoriano. Usamos diversas músicas em diversos estilos musicais e o fato de que muitas destas letras terem sido compostas por autores católicos, na sua maioria leigos e sem formação teológica, não garantem a exatidão de doutrina. Dito em miúdos, pode ser que um autor católico produza uma letra de música que não esteja tão de acordo com o Magistério Eclesiástico.
Por isso insisto que, melhor do que generalizar e se cortar todas as músicas de autores protestantes e evangélicos (correndo o risco de se entoar algumas letras de músicas hereges por autores católicos), é oferecer formação teológica sólida e de qualidade. Assim, letra a letra serão discernidas sob o crivo da catolicidade. Acho ser esta a solução ideal: a formação. Tratar nossos músicos leigos com maturidade, inclusive intelectual e teológica.
Música católica e mercado
Por fim, alguns utilizam critério mais prático do que teológico para se ouvir e cantar músicas católicas: o incentivo de mercado. Parece-me mais honesto quem se posiciona com esta argumentação, pois não taxa todas as músicas de autores protestantes/evangélicos como heréticas, mas compreendem que se só ouvirmos as músicas destes autores, o nosso mercado de música católica irá falir. Aqui a disputa não é teológica, mas por espaço.
Entretanto, parece-me pouco honesto, do ponto de vista intelectual, recomendar que se escute e cante apenas músicas de autores e artistas católicos na intenção de oferecer maior incentivo econômico para os mesmos. Soa-me um tanto bairrista e protecionista. Parece-me um golpe de piedade.
Incentivo mesmo deve haver com a valorização dos músicos e autores católicos, dando reconhecimento ao que fazem e motivando-os a prosseguir em sua missão. Entretanto, também é incentivo oferecer-lhes formação musical e teológica de qualidade. É repensar a estrutura que oferecemos aos cantores em nossas comunidades para que possam fazer multiplicar os seus dons.
Tenho amigos produtores e sei o quanto estudam para oferecer músicas católicas com qualidade e que dialoguem com o nosso tempo. Por outro lado, vejo o pouco estímulo dado a eles por parte de quem é líder e deveria promover melhor seu trabalho. A própria CNBB já declarou isso: “muitas comunidades não têm manifestado interesse na aquisição de músicos competentes e de coros de boa qualidade. Isso ocorre, entre outras razões, pelo fato de não se remunerar devidamente o serviço dos músicos e de não se investir na sua formação litúrgico-musical. É sintomático que, nos conservatórios e nas faculdades de música, a grande maioria dos estudantes provém das Igrejas Evangélicas” (Estudos da CNBB 79 - A música Litúrgica no Brasil, 39).
Conclusão
Apontei aqui alguns elementos de minha reflexão sobre a música utilizada em nossas reuniões de oração e culto e sua relação com autores católicos e protestantes/evangélicos. Minha reflexão foi para que o discernimento esteja voltado para a mensagem, o que requer investimento de formação teológica dos músicos e demais líderes que trabalham com o canto em nossas comunidades. Abro-me para outros pontos de reflexão na postura do diálogo e da caridade. Respeito os que pensam de modo diferente. Quero apenas oferecer recursos e justificativas para que possam ver o outro lado da reflexão. É de se notar que não há pronunciamentos oficiais do Magistério da Igreja Católica que rejeitem as músicas de autores protestantes/evangélicos em nosso meio.
Que em tudo possamos crescer e amadurecer na Fé, na Esperança e na Caridade!
Henrique de Castro
Muito bom Henrique!
ResponderExcluirQue toda verdade revelada através do Espirito Santo, seja nosso leme da nossa fé cristã.
Relativismo perigoso.
ResponderExcluirDito de outro modo, para ser "católica", a letra de uma música deve estar de acordo com os Dogmas professados pelo Catolicismo e não rejeitar sua estrutura e sacramentos.
Ou seja : Só da musica ser protestante já indica ser afastada na sua essência e NÃO CONDIZ com nossa fé,. E não há só erros lá , na nossa casa também, tantos músicos transformando o altar do Senhor o palco em eventos como um lugar de EGO sendo centro e não Deus. será que o nosso olhar o nosso amor a nossa palavra e musica não tem poder? É preciso recorrer a outras denominações , somos tão vazios assim?
As músicas e cantos que fazem parte do patrimônio da Igreja já passaram pelo crivo teológico e, presume-se, portanto, que estejam isentas de erros ou de heresias. O que não acontece com músicas de autores declaradamente protestantes, pois, como o próprio nome já diz, estão separados da Igreja por algum motivo que pode, de alguma forma, refletir-se na letra da música. Se isso ocorre, o católico, inadvertidamente, estará proferindo um erro ou uma heresia.
Para não correr o risco de errar e induzir outros em erros e, o que é pior, em heresias, recomenda-se permanecer sempre com o patrimônio da Igreja. Seguro, portanto, é caminhar pela vereda apontada pelo Papa Emérito Bento XVI: preservar o patrimônio de fé e de amor que é a música e o canto sacros, utilizando-os e focando na formação dos músicos, "valorizando adequadamente o canto gregoriano, como canto próprio da liturgia romana". Desse modo, o mundo será introduzido no mistério da liturgia e não o contrário.
Salve Maria,
Marllon Augusto
Oi, Marllon.
ExcluirNão entendi onde há relativismo no texto. Relativismo é a teoria filosófica que compreende que não há verdade absoluta, que tudo é justificável de acordo com o seu ponto de vista.
O texto fornece elementos para a reflexão do conteúdo das músicas tendo como critério a Verdade ensinada pelo Magistério Eclesiástico.
Sobre as músicas que fazem parte do patrimônio histórico, você se refere ao canto gregoriano, não é? Pois só este passou pelo "crivo teológico". E não sei se a sua comunidade canta apenas cantos gregorianos, o que acho que não. Então, qual o critério de escolha para os outros cânticos? A catolicidade. E onde o encontramos? No Magistério Eclesiástico.
Sobre protestantes: talvez seja interessante você ler o Decreto "Unitatis Redintegratio" e a carta encíclica "Ut Unun Sint". Os dois escritos relatam que há riquezas nos "irmãos separados" que compõe nosso patrimônio espiritual comum. Eu os citei no texto. O ser protestante não os desqualifica das reflexões sobre a Fé. E nem todas as reflexões sobre a Fé de um protestante possui caráter protestante.
Abraço fraterno. Até já.
Oi Henrique,
ExcluirEu acredito que a não utilização da músicas protestantes são uma questão de valorizar o que temos e evitar problemas,
Pois temos músicas muito boa católicas que boa parte não conhece e evangelizam muito bem, claro também corremos o risco de ouvir uma música católica que não e de acordo com a Igreja e nesse ponto concordo que uma formação seria o melhor meio.
Os problemas que geram pode acabar gerando relativismo, pois quem ouvi acaba dizendo, 'não tem problema usar música assim', 'não tem problema ir numa Igreja protestante', 'não tem problema colocar uma música de outra religiões (até as que não são cristã)', isso acaba acontecendo depois, as pessoas gostam da comodidade então se vc facilita deixando que utilize músicas assim os próprios músicos não se atentam a buscar conhecer mais músicas católicas porque e mais fácil continuar na mesma. Parece absurdo algo assim acontecer, mas acontece, e tem música protestante que vão contra a nossa fé como a Teologia da Prosperidade, a qual tem o louvo que mesmo os católicos cantam infelizmente.
A maior preocupação que tenho e do inimigo se aproveitar de músicas assim dentro da Igreja e levarmos ao pluralismo religioso e querer unir as Igrejas relativizando as verdades de fé que nossa Igreja tem, e ideologias no mundo tem incentivado e buscado isso, seria como dar de mão beijada a eles, claro parece um absurdo mas o inimigo se aproveita dessas brejas.
Gostei da sua reflexão, mas na minha opinião essas músicas devem ser evitadas, devemos valorizar nossas músicas por mais que elas possam não transmitir a real Doutrina e mais fácil corrigir quem e de casa, o qual concordo plenamente em ter formação ou até mesmo ter cantos gregorianos que são tão lindos e transmitem a fé de forma tão bela, claro e algo difícil tanto a formação como os cantos gregorianos, mas a fé exige lutarmos por aquilo que é difícil, vale a pena o esforço e a mudança.
Espero não ofender com minha opinião,
Abraço Fraterno,
Jefferson
Oi, Jefferson.
ExcluirObrigado pelo seu comentario. Foi sincero expondo seu ponto de vista que é diferente do meu. Suas palavras foram impregnadas de cristianismo, onde as ideias são debatidas e as pessoas respeitadas. Senti-me teu irmão. Obrigado.
Sobre o teu comentário.
O meu texto não desqualifica as músicas de autores e cantores católicos. Apenas apresenta um critério de discernimento: caso se queira cantar músicas de autores protestantes/evangélicos, que façam as letras passarem pelo crivo do Magistério. Para que isso ocorra deve haver investimento em formação dos músicos católicos para que tenham maturidade teológica e aparato magisterial a mão para que este discernimento seja feito.
Se todo o povo de Deus fosse consciente de sua Profissão de Fé, não teríamos tantas migrações para outras denominações cristãs.
Abraço fraterno. Até já.
O Marllon está se referindo à relativização que algumas pessoas permitem sem se valer de critérios suficientes de avaliação do que está sendo permitido, ou seja: "todas as músicas e cânticos são de motivo cristão e louvam a Deus", portanto podem ser livremente utilizados. Muitos protestantes desdenham da utilização de seus cânticos por católicos. De minha parte, recomendo aos católicos devolverem tudo; e aos protestantes não se apegarem aos homens (mais preocupados em pelejar contra a posição católica do que em desenvolver em si mesmos compromisso interior real com Cristo - atitude essa que, por si só, já evidencia que há algo de errado com o Protestantismo o qual realmente parece, nas suas lideranças, preocupado somente em militar contra a Igreja ) nem à suas invenções e mentiras...
ExcluirA paz de Jesus e o amor de Maria!
ResponderExcluirSobre a "autoria musical e sua catolicidade", o que deve ser considerado aqui, como você mesmo explicou, é a autoria da letra ("conteúdo") e não da música ("forma").
Em Ave Maria, o protestante Bach é o autor musical (Prelúdio no. 1 de O Cravo bem temperado) que diz respeito a "forma" e, portanto, realmente não define a música católica. Já Charles Gounod, este sim católico e mundialmente conhecido por suas composições religiosas, é autor da melodia sobre a letra em latim da oração Ave-Maria. Portanto aqui, no "conteúdo" da obra Ave Maria, encontra-se a catolicidade necessária para a execução desta nos cultos católicos. Concluindo: não há contradição em cantar Ave Maria de Bach/Gounod nos rituais litúrgicos da Igreja. Paz e bem, Tiago.
Tiago, a paz!
ExcluirA música, neste caso, é a totalidade de letra e melodia. Tanto a letra quanto a melodia são formas que transmitem um conteúdo. Bach e Gounod são autores da mesma Ave-Maria.
O autor não é o conteúdo de sua música, a não ser que ele fale de si mesmo na música. Gounod não é o conteúdo de sua música, pelo menos não da "Ave Maria", por não ser ele o objeto central da mensagem. Além deste exemplo, há a Ave Maria de Händel, também protestante e cuja obra também é cantada em templos católicos.
Não me referi ser contraditório entoar a "Ave Maria" de Bach/Gounod. Usei apenas como exemplo de que a Igreja sempre usou como critério de ortodoxia o conteúdo (o de quê se fala) das músicas e não sua autoria. A catolicidade estará sempre na letra. É bem verdade que Bach não define a música católica, tanto quanto Gounod não a define. É o conteúdo da mensagem que as define como católicas.
Entretanto, seu argumento não levou em considerações as outras tantas músicas entoadas em templos católicos e que são de autores evangélicos.
Vejo que a reflexão está sendo frutífera em todos os lados.
Abraço fraterno. Até já.
Reflexão muito boa.
ResponderExcluirComo eu sempre pensei: Aquilo que vem do espírito de Deus deve ser recebido no coração, claro, com os cuidados que você cita aqui.
Como ensinou nosso Senhor Jesus em MC 9, 38-40:
João disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos. Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.
Obrigado, Rafael, pelas suas considerações. QUe a caridade possa ser nosso maior critério.
ExcluirGrande abraço. Até já.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Henrique!!
ResponderExcluirBelíssima reflexão, embebida do magistério da Igreja, obrigado pelo real equilíbrio nas palavras, concordo que devemos promover os dons dos irmãos, incentiva-los motiva-los , patrocina-los, sua escrita é um dom de Deus para nós ... continue Abraço
ResponderExcluirPara uma abertura e interação com alguns cânticos protestantes, a veracidade do protestantismo deveria ser levada em conta também.
E antes de cantar os cânticos protestantes - eu não procederia de tal forma - um católico deveria procurar se inteirar, no dia a dia, sobre as dúvidas que roem a alma dos próprios fieis protestantes (os sinceros que amam a Cristo).
Fui com um colega de estudos verificar o protestantismo in loco - conversações e visitas pessoais e visitas a cultos para ver seus andamentos e interações. As peças não encaixam.
Conversando com fieis sinceros, dentre aqueles que possuem dúvidas, ora veja só que coisa: as perguntas de alguns deles são agudamente pertinentes - só falta eles me dizerem: "as peças não encaixam".
A fórmula Biblicismo + Louvor-Adoração é nitidamente para se formar, deliberadamente, uma religião massas.
Eruditos protestantes sabem grego, hebraico,aramaico, estudam os documentos sobre a Tanakh [Antigo Testamento] e a Igreja Primitiva, René Girard, Mircea Eliade, Karl Barth, Karl Ranner, S. Agostinho e S. Tomás (esses dois últimos superficialmente, diria eu) e nada disto se consubstancia em uma melhoria para a vida espiritual dos fieis - os quais são mantidos no curral do minimalismo Biblicismo/Louvor-Adoração.
Agora, até algumas práticas ascéticas simples - como orações continuadas e jejuns - são desmotivadas e mesmo proibidas -"Jesus não quer sacrifício; Ele já se sacrificou por nós".
Isto é um truque: os protestantes fieis (os sinceros) não conseguem lograr nenhum resultado cristão notável ou profundo (eventuamente, alguns inícios; mas não há com sedimentar tais inícios sem as técnicas e procedimentos "religiosos" de ascese interior-espiritual nem os estudos cristãos aprofundados dos documentos primitivos e dos itinerários católics idôneos como São Boaventura, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz ou a Nuvem do Não-Saber.
Por que o Catolicismo se pauta na Sabedoria e no Conhecimento vindos desde a Igreja Primitiva - não apenas preservados, mas colocados em prática (consubstanciando-se em homens e mulheres santos - e não meramente "beatificados pelo vaticano") - e todas as lideranças protestantes, em comum acordo, preferem o slogan "Jesus não é religião" (slogan anti-clerical) e continuidade do minimalismo Biblicismo/Louvor-Adoração? Porque este resultado pode ser gerenciado, administrado e conduzido...
O protestantismo não compensa - tampouco a utilização de seus cânticos (aliás, no âmbito protestante, tudo está "ministrado" - dos cânticos às orações). ]
Junto com o Biblicismo e as obras alcançadas pela fé tudo no protestantismo - inclusive os cânticos (ainda que belos) - forma um entorpecente psíquico-mental.
Não é difícil detectar que algo está errado com o protestantismo quando se fala em dinheiro, Teologia de Prosperidade e campanhas arrecadatorias. Há fuaça de vigarice.
Mas.. e onde se fala em "salvação da alma", "Corpo de Cristo", "Espírito Santo", "Sangue de Jesus", "Defesa do Evangelho"? Estamos diante de uma verossimilhança. a presença dessa verossimilhança encobre a falsificação do Cristianismo e a existência não de uma vigarice simplesmente (como no caso da mamônica Teologia da prosperidade e exigências de dízimos pautadas, cinicamente, no Livro de Malaquias, 3), mas de uma escroqueria...
:D só p constar, as músicas a seguir são evangélicas: Senhor eu sei que tu me sondas - compositor Pr. ALISSON S. AMBRÓSIO. * Noites traiçoeiras – compositor Carlos Papae 1986
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