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Fonte: http://veja.abril.com.br |
O dia 8 de julho de 2014 ficará marcado na história de nosso país para sempre. O país do futebol e sede da edição da Copa do Mundo deste ano foi derrotado com um resultado inacreditável: Alemanha 7 X 1 Brasil. Nas redes sociais, tv, rádio e jornais, diversas reações e críticas são lançadas numa corrida com o único objetivo: diagnosticar e encontrar os culpados pela derrota. Haverá, neste semana, em cada brasileiro, o sentimento de frustração e revolta.
Há muito venho refletindo sobre este evento mundial em nosso país. Mas hoje quero ir para além da argumentação pró/contra a Copa do Mundo. Quero ir aos fatos. Se você não tiver estômago para ler, pare aqui. Serei sincero e isso poderá te atingir.
A grande verdade é que este evento foi injetado em nós como uma remediação-placebo. Seu efeito foi apenas psicológico, não social, econômico ou político. Pelo menos, não no sentido de avanço compreendido como um benefício para TODOS os cidadãos de nosso país. Com a abertura do evento no Itaquerão, a primeira grande dose: fomos iludidos pela vitória de nossa Seleção. Por um momento, e digo que este foi mágico, esquecemos de nossas misérias sociais, dos casos de corrupção e de todo o trânsito que enfrentamos para nos posicionarmos frente aos nossos televisores. A vitória da Seleção se tornou a nossa vitória psicológica sobre todos os males que ocorrem em nosso país. Projetamos em cada membro da equipe técnica nossos anseios econômicos e políticos. "Nosso país é corrupto, mas pelo menos temos a Taça do Mundo!"
Não sou hipócrita. Torci e continuarei torcendo por nossa Seleção. Sou brasileiro e fã de futebol nestas temporadas. Também me emocionei ao escutar o Hino Nacional sendo entoando a capella. Vibrei junto com a rede quando nossos jogadores fizeram gol e me assustei com a fratura de nosso ícone, grande Neymar. Sem falar no exemplo de superação que Julio Cesar nos deixou na fatídica rodada Brasil X Chile. Não era só o nosso goleiro que voltava a levantar a cabeça. Toda a nação voltou a se orgulhar de ser brasileira (graças a Deus!).
Num ciclo de partidas que não passou de satisfatório, com erros estratégicos e grande terrorismo psicológico, passamos as fases e chegamos às semifinais. Tudo lindo e bonito. Protestos deixaram de ocorrer e voltamos a amar nosso país. Bandeiras são postas em todos os ambientes. E assim, orgulhosos e arrogantes, entramos no Mineirão com gosto de vitória. Nossa decepção: perdemos e fomos humilhados. Nosso placebo acabou. O Gigante, de fato, acordou!
Junto com cada lágrma dos torcedores fanáticos, o brilho no olhar se perdeu. Bandeiras são queimadas e a moda black bloc reaparece. Xingamos a Seleção, o técnico, o juiz, a Dilma e todas as gerações de Joseph Blatter. Voltamos a afirmar que era melhor ter investido em hospitais, educação e segurança. E estamos atrás de um Judas para ser malhado - não quero estar na pele desta vítima de oblação, afinal, são mais de 198 milhões de brasileiros com suas pedras na mão prontos para o matadouro.
Questiono-me: afinal, de quem é a culpa? Não da derrota, mas de nossa decepção? Vou ser rápido e sincero. A culpa é TUA! Isso mesmo. A culpa da frustração é TUA (minha, do seu vizinho, do seus pais, de todos nós).
Agora queremos voltar a discutir os recursos gastos na copa e a sua correta destinação. Acorda, Bela Adormecida. Você ainda acredita que se não houvesse copa a educação estaria num estágio mais avançado? Acredita mesmo que se não construíssemos estádios o posto de saúde perto da sua casa teria atendimento de ponta? Acredita que poderia sair tranquilo da sua casa para trabalhar todas as manhãs, sem se preocupar se as janelas ficaram abertas? O Brasil continuaria o mesmo, com ou sem copa!
A culpa de toda esta mazela em nosso país não está no Felipão, Hulk, Fred ou na Seleção. Não está no Pelé ou no Ronaldinho, com todas as suas declarações polêmicas. A culpa de toda esta corrupção está em você que vai para as urnas eletrônicas como se fosse assistir ao jogo de futebol e presenciar um espetáculo. A culpa de toda esta imoralidade está em você que não se lembra sequer dos candidatos em que votou. Está em você que não sabe distinguir o Poder Executivo do Poder Legislativo. Está em você que, embora seja incorporado à população brasileira, não é um CIDADÃO BRASILEIRO de fato. Não se interessa por política e quer ir às ruas protestar.
Criatura Ludibriada, não adiantará sairmos pelas ruas, bloqueando avenidas e entrada de estádios. Seu país continuará o mesmo até a hora em que você lavar a sua cara e tomar as suas rédeas da participação democrática; até a hora em que você for engajado politicamente e acompanhar as decisões do Congresso e das Câmaras Estaduais/Municipais; até a hora em que você fiscalizar de perto a correta destinação das verbas disponibilizadas e não aceitar que seu voto seja comprado por shows, cestas básicas, empregos e/ou favores (mesmo aqueles favores concedidos por políticos à igreja/comunidade que você participa).
A culpa de toda esta mazela em nosso país não está no Felipão, Hulk, Fred ou na Seleção. Não está no Pelé ou no Ronaldinho, com todas as suas declarações polêmicas. A culpa de toda esta corrupção está em você que vai para as urnas eletrônicas como se fosse assistir ao jogo de futebol e presenciar um espetáculo. A culpa de toda esta imoralidade está em você que não se lembra sequer dos candidatos em que votou. Está em você que não sabe distinguir o Poder Executivo do Poder Legislativo. Está em você que, embora seja incorporado à população brasileira, não é um CIDADÃO BRASILEIRO de fato. Não se interessa por política e quer ir às ruas protestar.
Criatura Ludibriada, não adiantará sairmos pelas ruas, bloqueando avenidas e entrada de estádios. Seu país continuará o mesmo até a hora em que você lavar a sua cara e tomar as suas rédeas da participação democrática; até a hora em que você for engajado politicamente e acompanhar as decisões do Congresso e das Câmaras Estaduais/Municipais; até a hora em que você fiscalizar de perto a correta destinação das verbas disponibilizadas e não aceitar que seu voto seja comprado por shows, cestas básicas, empregos e/ou favores (mesmo aqueles favores concedidos por políticos à igreja/comunidade que você participa).
A culpa de nossa frustração está em nós, por termos projetado anseios políticos num evento desportivo e achar que a vitória da Seleção Brasileira iria resolver de vez os problemas em nosso país. Iria apenas nos emocionar. E segunda-feira estaríamos de volta a velha rotina estressante e, em muitos dos casos, injusta. Pensando bem, vai ser bom o Brasil não ter ganhado a Copa do Mundo. Deste modo, e só assim, poderemos ganhar consciência política (o pior que ainda continuo no futuro do subjuntivo).
Está mais do que na hora de sermos cidadãos e trabalharmos por um país próspero com equidade, isonomia, isegoria e honestidade. Que saibamos diferenciar vitórias ou derrotas desportivas de avanços políticos. E se você não conhece algumas destas palavras, corra até o dicionário/google e lute para que estes significados não estejam apenas presente em seus verbetes.
Assim seja. Amém!
PS: Desejo que cada cidadão leia este texto de modo consciente. Que chegue nos jogadores, comissão técnica, etc. Mas, sobretudo, que chegue à sua consciência.
Assim seja. Amém!
Henrique de Castro
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