Um semeador desatento

A parábola do semeador é muito conhecida por nós.

Um homem pega as suas sementes e tem a intenção de plantá-las no campo. No caminho até lá algumas sementes caem em diversos terrenos: no pé da estrada, em terrenos pedregoso, em meio os espinhos e, por fim, em terra boa. Não quero explicar o sentido de cada terreno, pois basta ler o trecho citado que saberemos o que simboliza cada terreno.

O que noto é que, de modo algum, Jesus fala sobre um semeador desatento. Não seria uma desatenção e um desperdício deixar cair sementes onde não há possibilidades de gerarem frutos? Não seria entregar as sementes ao próprio esmorecimento vão, sem ter atingido a finalidade, em sua existência, para a qual foi criada?

Parece que na figura do semeador desatendo Jesus quer mostrar que a semente gera vida onde quer que esteja plantada, num terreno acolhedor ou não. Não é nem cogitada a possibilidade de haver, entre as diversas sementes caídas, alguma que seja estéril. Ela sempre gerará vida. Sempre germinará. Sempre tornará fértil o pior dos terrenos.

Há uma luz de esperança aqui! Na Palavra de Deus que é plantada em nosso coração há um princípio de vitalidade que independe da terra. Quer seja a beira do caminho, quer seja entre pedras e espinhos, ou ainda, num terreno acolhedor, ela sempre germinará. Sempre dará àquele pedaço de campo a possibilidade de experimentar em si a vida, mesmo no meio de tanta coisa que lhe é contrário. São diversos os nossos pecados, são diversas as situações de nossa vida, são diversos os nossos anseios e projetos, mas, mesmo no meio de tanta confusão, ali estará a pequena semente para provar a cada um de nós: a vida é possível.

Outra coisa que noto é que a dificuldade da semente brotar e dar frutos não se dá pelos fatores climáticos. Não é falado que faltou chuva, ou sol, ou ainda que choveu de mais ou que teve sol demais. Sabemos que, naquela época, os fatores climáticos eram manifestações de Deus. O clima parece estar sempre favorável e não dificulta em nada no crescimento da semente. Deus está sempre favorável para que a semente gere frutos em nosso coração. Não há uma palavra lançada sobre nosso coração que volte para Deus sem ter cumprida a sua missão (cf. Is 55, 10-11).

Com isso, entendo que, em primeiro lugar, é preciso saber qual o tipo do meu coração. O passo para ouvir a palavra é, antes de tudo, saber quem eu sou. Minha história de vida, meus traumas e condicionamentos, minha realidade atual, meus sonhos... Enfim, tudo o que corresponde a mim, enquanto pessoa, deve ser olhado. É um movimento ao meu próprio interior que vai possibilitar o tipo de terreno que sou e tomar as medidas cabíveis para transformar o tornar o meu coração acolhedor e propício para que a semente gere seus frutos. Só é transformado aquilo que é notado. Primeiro vemos o nosso coração, depois reconhecemos em qual condição ele está (se numa situação de beira do caminho, pedregoso, espinhoso, acolhedor) e, por fim, tomamos os passos em direção de torná-lo sempre propício.

Em Deus há sempre a possibilidade da mudança, do transformar-se a si mesmo em uma pessoa melhor. Deus é favorável. A palavra dEle é favorável. E nós... somos favoráveis a nós próprios? Somos favoráveis a frutificação de nossa vida?

Em Cristo!