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28 de outubro de 2009

“E sereis como deuses”


Revisto em 02/03/2017



É muito comum nas diversas atividades que fazemos em nossas comunidades e pastorais - e, por que não, na nossa vida - buscarmos a vontade de Deus. As pessoas que servem precisam fazer uma série de renúncias para que tudo ocorra bem. São horas em orações, jejuns, reuniões, decisões, divulgação, tudo para que o evento possa dar certo. Evento que, aqui, pode ser um retiro, um grupo de oração, de jovens… Enfim, qualquer uma das mais variadas iniciativas louváveis de evangelização.

Mas, pra muitos, há, além do “diabo”, uma outra força que é “inimiga de Deus”. Luta-se contra algo que, ao que parece, atrapalha na ação de Deus: o fator humano.

É constantemente pedido a Deus que determinada pessoa (musicista, pregador, intercessor, evangelizador) deixe de lado “todo o humano”. A humanidade é algo que trairia o plano divino e somente o que vem “do alto” é capaz de cumprir a finalidade daquela ação evangelizadora. O humano é tido como a “maçã podre”. Não se pode confiar nele.

Mas não estaria aí, por detrás destas afirmações, uma repetição da tentação adâmica? A proposta da antiga serpente foi que, ao se comer o fruto proibido, o homem seria “como os deuses”. O que é propriamente humano é descartado, considerado de péssima qualidade. O “sereis com deuses” atrai o homem para a fuga de sua própria condição.

Por outro lado, nós temos em Deus Jesus Cristo o desejo de se tornar homem, e que, de fato, se torna. O “Verbo Encarnado” torna Deus visível aos olhos humanos ao assumir a condição humana. A encarnação de Jesus Cristo é a contraposição da proposta demoníaca. O “sereis como deuses” é vencido pelo “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.

A realidade humana não é aniquilada, mas plenificada. O fator humano é contribuinte da obra de Deus. Pedir a inspiração de Deus para algo é uma coisa, mas completamente diferente é pedir para Deus que tire a nossa humanidade. Chega a ser até contraditório. É nela que temos um encontro com Deus.

É de forma humana que Ele se revelou e é, também, de forma humana que Ele fala conosco. Usou parábolas humanas, comparações humanas. Nem mesmo os afetos humanos foram descartados, porque, afinal, Ele era, e é, e sempre será plenamente homem tanto quanto era, é e será plenamente Deus.

Quando evangelizamos partimos de nossas experiências humanas com Deus. Ninguém se desencarna para falar com Deus. E mesmo o que ouvimos sobre Deus e seus desígnios nós colocamos em prática de modo humano. Ninguém se torna anjo pra poder colocar a Palavra de Deus em prática. Querer sair de nossa humanidade é coisa demoníaca! É rejeitar a própria criação de Deus, porque, afinal das contas, foi Ele quem nos criou humanos.

Não nego as limitações que há em nossa condição. Mas não podemos pensar que “agir humanamente” é o absoluto contrário do agir de Deus. O ser humano é o “templo do Espírito de Deus”.

Até quando os ecos da proposta demoníaca terão voz em nossos meios de evangelização?

2 comentários:

  1. Ufa, nem sei o que dizer. Até quando.. Acho que com muita oração e amor a Deus. Esqueci o quanto é bom esse cantinho, obrigada mesmo sem saber por estas palavras me confortam muito, belo texto. Saudades Henrique. Paz e Bem

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  2. Até o fim dos tempos.. porque se fosse diferente já estaríamos no meio Dele!

    Sempre haverá brecha em algum lugar/alguém e quando não houver mais é porque é chegada a hora.

    Talvez a luta seja essa mesma, um eterno reencontro de nós com o Senhor, para sempre nos lembrarmos de quem somos e de quem dependemos!

    Fique com Deus!

    PS: mto legal teu blog!

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