Revisado em 1/03/2017

Um pensamento me ocorreu. Não foram estes homens os mesmos que fugiram durante as algozes cenas? Não foi Pedro quem negou a Jesus? São estes os mesmos traidores" que agora anunciam a boa noticia da ressurreição?
Será que, no fundo de seus corações, o remorso da fuga não lhes ocorreu? Será que em nenhum momento um deles pensou: "Puxa! Eu, que O neguei, vou anunciar Sua ressurreição? Eu, tão pecador, serei digno de tamanha missão?"
Será que, no fundo de seus corações, o remorso da fuga não lhes ocorreu? Será que em nenhum momento um deles pensou: "Puxa! Eu, que O neguei, vou anunciar Sua ressurreição? Eu, tão pecador, serei digno de tamanha missão?"
A culpa parece que nos ocorre de uma forma intensa nos momentos em que precisamos falar a verdade e anunciar o Evangelho. Esta culpa nos inibe e limita a nossa ação. Daí que proponho uma pergunta: a verdade é limitada ou comprometida pelas condições de seu porta-voz? O critério de falar a verdade está onde? A autoridade, no que diz respeito a verdade, provem de mim? Mas se ela - a autoridade de falar a verdade - provem de mim, então a verdade seria puramente subjetiva e limitada às minhas condições existenciais?
A maioria das pessoas age assim: se estou bem, se estou "vivendo o que falo", então posso falar a verdade, anunciar o evangelho; agora se não estou vivendo... hum... não poderei falar nada. Ora, o critério da verdade (e portanto do Evangelho) está nela mesma. É a verdade que se valida a si própria. As minhas limitações não condicionam a verdade. Esta última é incondicionada.
A motivação para o anúncio está no seu conteúdo, e não na conduta de vida. É justamente a boa-nova que impulsiona, com uma força avassaladora, o arauto a anunciar seu conteúdo. As condições de nossa vida não podem nos intimidar quanto ao anúncio do Evangelho. Foi assim que os discípulos agiram. O contato com a ressurreição foi a motivação para o seu anúncio. Se fossem parar e ver se tinham condições, se estavam "santos", creio que ficariam calados.
Não estou defendendo aqui uma disparidade entre fé e vida. Antes, entendo que é a Fé que valida a conduta de vida, e não o contrário. É a Fé que exerce um poder maior; é a própria mensagem, por ser de origem divina, que dá autoridade de si. Não podemos nos calar, mesmo tendo em nossa consciência algum remorso. A verdade é que nos dá a autoridade de falar e que nos propõe um nova oportunidade de se converter.
O escrupuloso impedirá o anuncio que, por sua vez não ocorrendo, não suscitará a fé nas pessoas e nem em si próprio. Quer dizer, eu me calo porque tenho minhas culpas, mas quem está sendo prejudicado não sou apenas eu, mas o outro que deixou de ter a oportunidade de ouvir o anúncio porque me calei.
Anunciemos, pois, "oportuna e inoportunamente" - para citar uma frase de São Paulo - o Evangelho dAquele que venceu a morte!
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